quinta-feira, 11 de maio de 2017

Amazonenses são chamados a solucionar a crise mundial da água


Por: Francisco Carioca e Zandem Ferreira

O evento, que segue até sexta-feira, debate o manejo sustentável dos recursos hídricos da região que abriga a maior bacia hidrográfica do mundo.

A capital do Amazonas foi palco nesta quarta-feira (10) da abertura do segundo Preparatório do Sistema Confea/Crea e Mútua para o Fórum Mundial da Água. O evento, que segue até sexta-feira, reúne no Tropical Manaus Resort pesquisadores, especialistas em recursos hídricos, profissionais da área tecnológica, gestores públicos e estudantes dedicados a debater o manejo sustentável dos recursos hídricos da região que abriga a maior bacia hidrográfica do mundo.
Diante de lideranças do Sistema e entidades e autoridades locais presentes na cerimônia de abertura, o presidente do Confea, eng. civ. José Tadeu da Silva, defendeu os recursos hídricos brasileiros como um dos maiores patrimônios nacionais. “Estamos na região mais importante do nosso país, que é a região Amazônica. Nós, brasileiros, temos orgulho dessa localidade, que é a mais rica do mundo. A água será motivo de grande disputa no futuro e esse é um patrimônio do qual não podemos abrir mão”, pontuou.
Ao lembrar que, embora a riqueza hídrica do Brasil seja expressiva, o presidente do Confea enfatizou que a escassez também é uma realidade. “A engenharia e a agronomia têm responsabilidade direta nisso, garantindo fornecimento de água potável e com qualidade à população”. Para apontar possíveis soluções nesse sentido é que os preparatórios realizados pelo Sistema vêm acontecendo, como explicou José Tadeu. “Essa agenda é uma parceria entre Confea e Creas para alavancar debates e provocar profissionais, população e empresas a discutirem a relevância da água para o Brasil e também para reconhecerem a importância do Brasil dentro do 8º Fórum. “Estamos nos preparando e qualificando para chegar ao mundial e participarmos de um debate de alto nível. A engenharia precisa dar uma resposta ao mundo no sentido de levar soluções para a questão da água”, concluiu. 
Já o presidente do Crea-AM, eng. civ. Cláudio Guenka, disse estar honrado por recepcionar o preparatório na região Norte, que faz do Brasil um local privilegiado por abrigar 12% das reservas mundiais de água doce. Para ele, a agenda de Manaus é uma oportunidade para os profissionais direcionarem sua responsabilidade técnica para discussões que garantam o manejo sustentável da água. “Isso requer a atuação de todos, do governo, entidades, empresas e da população no planejamento dos recursos hídricos. Nossa expectativa é de que possamos refletir neste preparatório a importância da água e mostrar que a engenharia e a agronomia podem contribuir para o futuro das nossas gerações”, afirmou. 

Reconhecimento

A presidente do Crea-AC, eng. agr. Carminda Pinheiro, parabenizou o Confea pela decisão de realizar a série de preparatórios ao longo de 2017. “É uma forma de capacitar as lideranças para o Fórum, além de ser uma forma de regionalizar os debates no Sistema”, afirmou a presidente, que na oportunidade representou todas as mulheres do evento. Na sequência, o coordenador do Colégio de Presidentes, eng. eletric. Modesto Ferreira dos Santos Filho, incentivou o público a participar ativamente dos debates assim como “foi no primeiro preparatório promovido em Campinas (SP)”. 
Ao saudar os organizadores do encontro, o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM), Romero Reis, disse ser estratégica e oportuna a realização do preparatório na Região Amazônica e instigou os profissionais da área tecnológica a buscar soluções sustentáveis para fornecer água para as atuais e futuras gerações. “É necessário garantir vida por meio de água com qualidade”, ressaltou. 
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção no Estado do Amazonas (Sinduscon-AM), eng. civ. Frank do Carmo Souza, também parabenizou o Sistema Confea/Crea por trazer debates sobre água para Manaus e expôs ao público a preocupação da entidade com a gestão adequada dos recursos hídricos. “Estamos empenhados em implantar edificações de modo racional e temos a consciência de que é necessário agredir cada vez menos o meio ambiente, considerando ainda que a água é fundamental em todo o processo da construção civil”, reconheceu Souza, ao demonstrar que a entidade tem buscado sensibilizar os profissionais do setor em prol da sustentabilidade.
Representando a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, agradeceu ao Sistema por realizar em Manaus um ciclo de palestras tão importante para o setor agropecuário, que também está se preparando para o Fórum Mundial. “Estaremos acompanhando de perto as contribuições que saíram daqui, pois elas irão balizar as contribuições do nosso setor. Esse evento é um exemplo de protagonismo cidadão”. 
Também participaram da cerimônia de abertura o vice-presidente do Confea, eng. agr. Daniel Salati, o conselheiro federal representante do Estado, eng. mec. Afonso Bernardes, o presidente da União Panamericana de Associações de Engenheiros (Upadi), eng. civ. Edemar Amorim, e o secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Antônio Nelson. 

Conferência

A abertura foi marcada pela temática “Impacto das Mudanças Climáticas nos Recursos Hídricos das Amazônias (brasileira e internacional)”, ministrada pelo especialista em Amazônia, mudanças climáticas, manejo florestal e superintendente-geral da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Virgílio Viana. 


Na oportunidade, Viana destacou que o Amazonas não poderia ficar de fora de um dos eventos preparatórios do 8° Fórum Mundial da Água, tendo em vista seu potencial hídrico, contudo ainda precisa fazer o dever de casa. “Sediar esse evento na nossa região é uma grande honra, mas precisamos ter um pensamento mais crítico. Não estamos cuidando do nosso patrimônio natural, não estamos cuidando das nossas águas. Temos como exemplo o rio Tietê e a baía de Guanabara e não podemos deixar acontecer o mesmo com os rios da nossa região”, disse.
Ao decorrer da conferência, o especialista apontou que em 2016 os meses de janeiro e fevereiro foram os mais quentes já mensurados e que isso tem como consequência o efeito estufa. “Ao longo do tempo tivemos um aumento considerável de temperatura e isso está relacionado diretamente com os gases do efeito estufa. As mudanças climáticas são seríssimas e precisamos considerar as seguintes situações; elas estão acontecendo e são decorrentes a força humana”, explicou. 
Viana apontou ainda três desafios que se forem cumpridos, podem ser essenciais para o futuro do meio ambiente: metas de AICHI relacionas a biodiversidade, acordo de Paris e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ao finalizar sua participação, o especialista falou dos extremos existentes na Amazônia. “Em 2014 tivemos uma cheia histórica no rio Madeira que bateu 2 metros e afetou 100% dos moradores ribeirinhos. Do outro lado da equação temos os índices de queimadas e poluição do ar e ainda o desmatamento. Estamos em uma região cheia de água e ainda temos muitas regiões na Amazônia profunda com problemas de acesso a água. As engenharias precisam ser mais sofisticadas e sair do convencional, precisam ser vetores para um processo de desenvolvimento mais sustentável”, finalizou.


Julianna Curado e Laila Moraes
Fonte: Equipe de Comunicação do Confea e do Crea-RO

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